Democracia: Substantivo Plural

Nestes tempos de globalização, assistimos impotentes a uma aglutinação de poderes até então mais distribuídos. Países unificam várias instâncias de seus governos, formando entidades continentais, das quais a União Européia é apenas o exemplo mais maduro. Corporações multi-nacionais mas singularmente controladas por um pequeno grupo de pessoas se devoram e crescem, reduzindo a diversidade de atores no cenário econômico global.

Em meio a este turbilhão globalizante e centralizante, encontra-se o cidadão, este não global nem globalizável, cada vez mais local em seus direitos e global em seus deveres. Os direitos individuais de autodeterminação, duramente conquistados por nossos ancestrais desde a queda do feudalismo, vem sendo disputados ferozmente entre, governos, partidos políticos, corporações de Mídia e outras entidades centralizadoras de poder.

Consta em nossa constituição: “Todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido“. Os atores globalizáveis mencionados acima, interpretam este princípio constitucional como se o povo devesse lhes passar uma procuração com plenos poderes para representá-lo. Mas este princípio central da democracia, permite uma outra interpretação nos dias de hoje. Esta nova interpretação expressa-se em conceitos como o da democracia participativa onde a participação do cidadão em um governo democrático vai além de apenas eleger seus representantes periodicamente.

A democracia representativa, nasceu de uma necessidade histórica, quando não existiam os meios tecnólogicos para que as vozes e opiniões de cada cidadão pudessem ser ouvidas e contabilizadas. Atualmente, vários fenômenos sociais decorrentes de uma democratização dos meios de comunicação digital, nos provam que é possível o poder emanar do povo no sentido mais estrito da palavra. Hoje em dia, os Blogs vêm substituindo o jornalismo corporativo como fonte de informação mais confiável e menos tendenciosa. Somente através dos grandes números (de opiniões individuais) pode-se encontrar o verdadeiro interesse coletivo, que deveria nortear os governos democráticos.

Com a tecnologia atual, o Povo Brasileiro poderia se auto-representar votando, através de seus celulares por exemplo, em todas as matérias de interesse nacional, estadual, ou municipal, com muito mais agilidade e representatividade do que o Congresso Nacional. A plenária seria a própria internet que já é palco de debate, através de blogs, video-blogs, emails e outras formas de expressão digital, dos temas centrais da política nacional.

Infelizmente, fazer com que nossos “representantes” votem em sua própria extinção, vai requerer muita articulação social. Felizmente esta onda já começou a se erguer, quando ela irá quebrar ainda não sabemos, mas será na praia desta nova Democracia, substantivo plural.

Published in: on junho 18, 2007 at 1:20 pm  Deixe um comentário  

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